sábado, 7 de junho de 2008
Lésbicas e Feministas - diferentes, apesar de algo em comum
Tenho observado nesse ano uma tendência nas caminhadas pela visibilidade lésbica de junção das causas lésbicas com as causas feministas, como o direito ao aborto por exemplo. Embora uma causa seja inerente à outra (somos mulheres, independente de orientação sexual), não vejo a vantagem de se juntar as duas coisas, já que isso só agrega mais polêmica e mais estigmas a nós, estigmatizando ainda mais o que já é tão estigmatizado. Afinal, já existe um "dia da mulher" onde as causas feministas podem e devem ser mais adequadamente defendidas. Ainda estamos lutando pela nossa visibilidade.
Somos mulheres e temos, como mulheres, uma série de direitos que precisamos fazer valer. Como lésbicas ainda temos um longo caminho a ser percorrido. E esse é o verdadeiro motivo pelo qual devemos nos unir, lutar, reivindicar. Seja numa caminhada, seja no nosso dia-a dia.
Reproduzo abaixo trechos de um texto de Mirian Martinho*, que encontrei no site Um Outro Olhar, que corroboram com o que eu penso:
(...)
"Voltando um pouco no tempo, lembremos que no início do MF, em nosso país e no mundo todo aliás, a sociedade machista acusava as feministas de reivindicarem igualdade para as mulheres porque elas não gostavam de homens, porque eram sapatões. As feministas se acovardaram diante dessas acusações e sacrificaram a questão lésbica para se manterem distantes desse estigma. O grau de invisibilidade a que as lésbicas ficaram sujeitas dentro do MF foi maior ou menor de acordo com a capacidade destas de aceitarem ou não essa situação. Nos EUA, onde as lésbicas já tinham alguma articulação até antes da emergência do feminismo, essa política não vigorou. No Brasil e em outros países da América Latina, essa política foi hegemônica até o início deste século." (...)
(...)
O Movimento Feminista não é o Movimento Lésbico. Embora o Movimento Lésbico, em todas as partes do mundo, principalmente na América Latina, tenha muitas vezes intersectado ou tangenciado o Movimento Feminista, sua história e suas protagonistas não são as mesmas, o que fica evidente principalmente quando lembramos da política de despolitização da questão lésbica que o MF manteve durante décadas. Outrossim, o Movimento Lésbico é composto, internacionalmente, além de lésbicas que se identificam como feministas, de lésbicas radicais, separatistas, políticas, de buches e femmes, lésbicas BDSMistas, lésbicas queer e de uma maioria de lésbicas que não está afinada com nenhuma tribo política, mas que, a seu modo, sempre foi mais visivelmente lésbica do que as feministas homossexuais jamais conseguiram ser nem no movimento que sempre carregaram nas costas.(...)
Link para o texto original, clique aqui.
(*) Miriam Martinho, é fundadora do Movimento Lésbico no Brasil, tendo organizado as primeiras entidades lésbicas brasileiras, a saber, Grupo Lésbico-Feminista (1979-1981), Grupo Ação Lésbica-Feminista (1981-1989) e Rede de Informação Um Outro Olhar (1989....). Editou também as primeiras publicações lésbicas do país, como o fanzine ChanacomChana (década de 80) e o boletim e posterior revista Um Outro Olhar (década de 90 até 2002). Atualmente edita o site Um Outro Olhar On-Line (www.umoutroolhar.com.br), lançado em junho de 2004.
Fundou igualmente o movimento de saúde lésbica no Brasil, em 1994, realizando a primeira campanha de prevenção às DST-AIDS para mulheres que se relacionam com mulheres, em 1995, e editando as primeiras publicações sobre o tema desde essa época (em 2006 publicou a 4 edição da cartilha Prazer sem Medo sobre saúde integral para lésbicas e bissexuais). Participou da organização do I EBHO (1980), organizou dois encontros LGBT nacionais (VII EBLHO/93 e IX EBGLT/97) e foi sócia-fundadora da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Travestis (ABGLT-1995). Participou igualmente de vários encontros internacionais com destaque para a IX Conferência Internacional do Serviço de Informação Lésbica Internacional-ILIS (Genebra, Suiça, 28 a 31/03/1986), o I Encontro de Lésbicas-Feministas Latino-Americanas e do Caribe (Taxco, México, 1987) e a Reunião de Reflexão Lésbica-Homossexual (Santiago, Chile/ nov. 1992).
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Um comentário:
Olá,
Me chamo Higor e sou da Unicid-Universidade Cidade de Sao Paulo. Estou representando o Grupo 'Visão e Expressão' do curso de Comunicação e Marketing. Nós precisamos apresentar um trabalho para esse módulo, no qual temos que escolher um movimento social, um ator e identificar um problema de comunicação. Nós precisamos de ajuda, pois já procuramos em todos os lugares e não encontramos em São Paulo uma ONG ou associação para trabalhar junto, encontramos muitas dificuldades.
por favor meu e-mail é
higorpereirahp@hotmail.com
se poderem me passar alguma informação ou até mesmo esclarecer-nos mais a respeito do tema 'União Homoafetiva entre mulheres'
estaremos a disposição para eventuais esclarecimentos.
Grato
Higor Pereira - Visão e Expressão
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