terça-feira, 29 de abril de 2008

Vindes todos e ouvis...


Tem certas coisas que incomodam. Esse lance dos sufixos por exemplo, é uma delas. É uma discussão que às vezes parece ser eterna, inglória, desnecessária, mas... pra mim é inevitável, irresistível meeeesmo. Não é difícil justificar por que o sufixo "ismo" não deve ser usado junto à palavra homossexual. O difícil é fazer com que certas pessoas "acreditem" na lógica explicação. Como se fosse uma questão mística que envolvesse fé, que necessitasse de boa vontade, ou sei lá...

É chaaaaaaaaaaaaato...

Bom, para os que necessitam de um discurso messiânico, lá vai:

"Vindes todos e ouvis... Irmãos... Irmãs... Em verdade vos digo, o sufixo "ismo", quando usado para designar COMPORTAMENTO confere ao substantivo ao qual é aplicado um caráter de PATOLOGIA!!! Amém?

Portanto, irmãos, irmãs, a não ser que vós queirais dizer que alguém seja doente por ser homossexual ou que isso é uma doença, não use o termo homossexualiiiiiiiiiiiiiismo... o correto é HOMOSSEXUALIDADE!!! ALELUUUUUUUUUUUUUUUIA....."

Ah, sim... para os menos avisados ou esquecidos do tipo "sem querer querendo": o mesmo vale pra "lesbianismo", viu? O certo é LESBIANIDADE! Mesmo que o corretor de ortografia do seu Windows diga o contrário, ok? Estamos combinados? Thanks...

Em tempo: Romantismo, dadaísmo, classicismo, etc, etc, etc, são designações de escolas filosóficas e/ou estéticas e/ou de estilo, portanto, NÃO se referem a comportamento e NÃO se encaixam na explicação acima, tá?

sexta-feira, 25 de abril de 2008

E assim caminha (?) a humanidade...



Auto-aceitação não é uma tarefa simples. Nem fácil... Pelo menos quando a aceitação se refere a algo fora do padrão. Não negar o que se é, é apenas o primeiro passo. Importante, é verdade. Fundamental, sem dúvida. Mas outros devem vir na seqüência. O fato é que a tal auto-aceitação, por mais estranho que possa parecer, vai além de nós mesmos. Exige que olhemos para fora, para o que está ao nosso redor e, ainda, para o que está muito além de nós, às vezes em lugares que nem imaginamos. Ou seja, exige generosidade em relação a nós mesmas e, principalmente, em relação aos outros.

Se você não fizer esse caminho, é muito provável que caia na velha armadilha de estabelecer o que é certo e o que é errado. Criar padrões para os que estão fora dos padrões, discriminar os que já são discriminados, estabelecer valores e critérios errados para dizer quem é bom e quem é ruim... enfim.... Preconceito dentro do preconceito.

E assim caminha (?) a humanidade... com passos de formiga e sem vontade.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

A dor e a delícia...



A música diz que cada um saber dor e a delícia de ser o que é. Hum... pois é... boas e más notícias. Primeiro as boas: isso é verdade, lógico, e quando nos lembramos disso muita coisa se ilumina. Agora, as más, ou pelo menos não tão boas: saber a dor e a delícia de ser o que se é não é suficiente! Talvez nunca tenha sido, mas, agora mais do que nunca.

A pergunta imprescindível e que, acho, ninguém se faz é a seguinte: você sabe qual é a sua responsabilidade em ser o que você é?

Ser homossexual, não implica apenas em saber sobre a dor e sobre a delícia, mas, principalmente, em saber o que isso significa numa sociedade erguida e dirigida de forma a atender e manter estruturas de poder e conseqüente dominação. Uma sociedade onde a norma é ser heterossexual e quem não se encaixa nesse padrão é a encarnação do mal, do errado, etc, etc, etc...

Não adianta resmungar, certas consciências são inerentes, certas obrigações são compulsórias. Não sei se isso se encaixa na dor ou na delícia, mas certamente é uma responsabilidade e, adivinha só, você não tem como escapar disso. Então, se oriente rapaz/menina! Capriche! E... enjoy it!

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Ser ou não ser... - um manifesto disléxico


A julgar pela "nova ótica" sobre sexualidade a humana, se o grande William Shakespeare vivo fosse, com toda certeza teria que dar uma atualizada em sua mais célebre citação, "Ser ou não ser...". Creio que, diante de tanta pluralidade de orientações e/ou ESCOLHAS(?), questionar ser (ou não) ou estar (ou não), fosse mais adequado. Isso porque, até onde me lembro, ser ou não ser eram os fatores determinantes e não incluíam a possibilidade "estar".

Já há algum tempo, pelo menos na parte ocidental do mundo, as pessoas começaram a perceber (a duras penas) que reduzir a sexualidade humana a duas ou três possibilidades é totalmente ineficiente, obsoleto, insuficiente, inadequado. Quem insistir nisso está condenado a não entender mais nada do que vai acontecer, cada vez com mais freqüência, daqui pra frente em termos de relações afetivas e expressão da sexualidade. Então...

Entre as milhares de conseqüências presentes nessa realidade, nós, homossexuais, volta e meia somos obrigados a ouvir a irritante expressão "opção sexual" quando alguém quer falar, o que quer que seja de bom ou ruim, sobre nossa sexualidade.

Voltamos então ao "ser" e ao "estar". O fato é que "ser" não é resultado de escolha, mas "estar" sim.

Quem é homossexual não está homossexual, é homossexual. Pode estar eventualmente, por uma série de motivos pessoais e/ou sociais, vivendo em uma condição sexual diferente de sua orientação original (o "ser"), mas... isso absolutamente não significa deixar de ser o que se é. Mesmo porque isso é im-pos-sí-vel. E isso vale para qualquer orientação sexual, evidentemente.

O kit para entendimento da realidade inclui sensibilidade, cabeça aberta e generosidade. Abandonar falsos moralismo, falsos pudores, clichês e estereótipos é fundamental.

Tempos complicados. Valores ultrapassados. Parâmetros falhos.

A fôrma na qual tentaram nos moldar não comporta mais nossa existência social, emocional, psíquica, por que nos reduz e nos mantém num estágio infantil permanente. Coloca a virtude onde ela não está.

Quem insistir em manter sua mente nesse paradoxo infanto-geriátrico estará sendo contribuinte e conivente com o colapso dos valores que está em pleno desenvolvimento.