quinta-feira, 10 de abril de 2008

Ser ou não ser... - um manifesto disléxico


A julgar pela "nova ótica" sobre sexualidade a humana, se o grande William Shakespeare vivo fosse, com toda certeza teria que dar uma atualizada em sua mais célebre citação, "Ser ou não ser...". Creio que, diante de tanta pluralidade de orientações e/ou ESCOLHAS(?), questionar ser (ou não) ou estar (ou não), fosse mais adequado. Isso porque, até onde me lembro, ser ou não ser eram os fatores determinantes e não incluíam a possibilidade "estar".

Já há algum tempo, pelo menos na parte ocidental do mundo, as pessoas começaram a perceber (a duras penas) que reduzir a sexualidade humana a duas ou três possibilidades é totalmente ineficiente, obsoleto, insuficiente, inadequado. Quem insistir nisso está condenado a não entender mais nada do que vai acontecer, cada vez com mais freqüência, daqui pra frente em termos de relações afetivas e expressão da sexualidade. Então...

Entre as milhares de conseqüências presentes nessa realidade, nós, homossexuais, volta e meia somos obrigados a ouvir a irritante expressão "opção sexual" quando alguém quer falar, o que quer que seja de bom ou ruim, sobre nossa sexualidade.

Voltamos então ao "ser" e ao "estar". O fato é que "ser" não é resultado de escolha, mas "estar" sim.

Quem é homossexual não está homossexual, é homossexual. Pode estar eventualmente, por uma série de motivos pessoais e/ou sociais, vivendo em uma condição sexual diferente de sua orientação original (o "ser"), mas... isso absolutamente não significa deixar de ser o que se é. Mesmo porque isso é im-pos-sí-vel. E isso vale para qualquer orientação sexual, evidentemente.

O kit para entendimento da realidade inclui sensibilidade, cabeça aberta e generosidade. Abandonar falsos moralismo, falsos pudores, clichês e estereótipos é fundamental.

Tempos complicados. Valores ultrapassados. Parâmetros falhos.

A fôrma na qual tentaram nos moldar não comporta mais nossa existência social, emocional, psíquica, por que nos reduz e nos mantém num estágio infantil permanente. Coloca a virtude onde ela não está.

Quem insistir em manter sua mente nesse paradoxo infanto-geriátrico estará sendo contribuinte e conivente com o colapso dos valores que está em pleno desenvolvimento.

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