
Quando entrei no Orkut ainda era necessário que alguém, que já estivesse lá evidentemente, enviasse um convite etc e tal. Nessa época o Orkut tinha menos de 1 milhão de usuários... Bom, o que veio depois e como está atualmente, todo mundo sabe.
Enfim, hoje tenho uma certa (pra não dizer grande) preguiça em estabelecer contatos através do Orkut. Virou um grande entra-e-sai, perfis fakes, perfis múltiplos, sei lá.... desanimei... preguiça mesmo...
O que tenho feito no Orkut ultimamente é observar algumas comunidades que tratam de assuntos LGBTs. Raramente me animo a dizer alguma coisa porque, na maioria das vezes, as pessoas querem mesmo é falar sozinhas ou bater boca. São raras as oportunidades de troca de opinião ou conhecimento. Mas, pelo menos é uma amostra do mundo que nos cerca, da capacidade de intelecção, do nível de informação, etc etc etc.
Nessas espiadas pelos fóruns das comunidades, dois pontos têm me chamado a atenção. O primeiro diz respeito à falta de um conhecimento básico sobre sexualidade (gênero, identidade de gênero, identidade sexual, orientação sexual). O outro diz respeito à organização do movimento mesmo. Ou seja, a tal militância. É sobre esse segundo que quero falar.
Além de um grande desconhecimento histórico das origens do movimento, temos ainda de enfrentar uma confusão que determina TUDO o que está relacionado com isso, que é a confusão que se faz entre atuação política e atuação partidária.
Lá no começo do movimento, nas origens, foi escolhida a via partidária como caminho para as conquistas políticas que viabilizariam a nossa existência como cidadãos habilitados a "desfrutar" dos direitos humanos e das leis. Começou então uma simbiose entre as entidades LGBTs e os partidos políticos que entenderam que essa era a forma mais eficiente de atuar. A isso juntou-se o interesse de determinados partidos em ter o segmento LGBT ao seu lado. Nada mais do que o velho conhecido clientelismo.
Uma das conseqüências mais visíveis dessa escolha, a meu ver, foi o distanciamento da militância da população LGBT, ou seja, de nós pobres mortais, em função disso, alienados. Afinal, pra que eles precisam da massa se são amigos dos "homi"? É só ir lá no gabinete, ou na plenária do partido, levar as reivindicações. Isso sem falar que nem todo mundo tem estomago, ou "talento" pra esse jogo partidário, então nem se aproxima.
Ao invés de formarmos uma consciência e uma responsabilidade social, preferimos manter a massa nessa coisa amorfa com a qual nos deparamos hoje, sem capacidade de mobilização ou organização, dependendo de interesses dessa ou daquela ONG que, por sua vez, depende do interesse desse ou daquele partido para ter suas necessidades básicas atendidas.
E assim vamos seguindo, entre clientelismos e paternalismos. Conquistando uma coisinha ou outra, nos dando por satisfeitos. Afinal, onde estaríamos se não fossem esses abnegados que dão a cara a tapa?
O problema é que quando temos que aprovar um projeto de lei, como a PL 122/2006, para deixarmos de ser assassinados, violentados, escarnecidos, constatamos que nossa "mistura" com os partidos políticos não funciona de forma tão eficaz assim, pois, batemos de frente com outros grupos que se utilizam de uma forma infinitamente mais eficiente de uso do esquema político-partidário.
Afinal, se é pra usar partido político como forma de conquistar alguma coisa, pelo menos vamos fazer direito, né gente?
Sigamos o exemplo dos "Proprietários de Jesus" (aleluia!), que usam os partidos e não são usados por eles. A bancada dos "Proprietários" tem gente em tudo quanto é partido, né não? Então..., assim, sim.
Pelo menos é melhor que ficar fazendo proselitismo para a Old Left que, para quem não sabe, já foi adepta do virtuoso lema "quanto pior melhor".
É isso.